domingo, 28 de dezembro de 2008

Paixão

A paixão é uma prisão de grades invisíveis, cujo carcereiro é, às vezes, cruel.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Silêncio


O seu silêncio corrói como veneno as artérias da minha alma,
Ecoa alto e branco pelos obscuros corredores da minha mente.

O silêncio é um grito sufocado na garganta.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Grades


As grades são mais fortes aqui dentro do que lá fora.
Elas aprisionam o meu sonho dourado,
as minhas coloridas ilusões,
os meus desejos prateados.

domingo, 16 de novembro de 2008

Invasão

A noite está clara, iluminada pelo brilho amarelo da lua.
A quietude da noite é perturbada pelo murmúrio de vozes lá fora.
Ando pelos cômodos da casa, o calor não me deixa dormir.
Atordoada, percebo que as vozes se aproximam de onde estou.
Repentinamente, invadem minha casa e extinguem minha paz.
Quero fugir, mas fantasmas do passado insistem em me assombrar.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Diante das vagas do mar

Diante das vagas do mar, sinto uma embriaguez de felicidade me invadir a alma.
Ao mesmo tempo, livre e receosa por conquistar tal liberdade, não sei o que fazer com ela.
Durante a vida inteira, minha âncora esteve acorrentada e segura ao porto.
Meu barco navega solitário durante a viagem. Só existe o marulhar das ondas lá fora.
Aqui dentro, tudo é silêncio.
O meu grito surdo e branco se cala na minha garganta.
É grande a opressão das vagas do mar contra minha frágil embarcação.
Como suportar a violência dos afagos do mar, que tão ansioso está por me tragar e me levar à destruição?

domingo, 5 de outubro de 2008

Grito

O grito que está sufocado na garganta
O peso morto no meu peito
A dor de ser nesse tempo inexorável.

Quero me perder no silêncio da minha morte
Lançar-me em seus braços fortes
Ser protegida contra a escuridão da vida.

Os dias se arrastam indefinidamente
Prolongando o meu martírio terreno
Quando chegará a hora da libertação?

domingo, 28 de setembro de 2008

O poço

Fundo, escuro e estreito.
Este é o poço em que me encontro.


Sinto o medo corroendo minhas entranhas.

Olho para o alto e vejo uma luz.

As paredes ao meu redor não me oferecem proteção e
nem apoio na escalada.

Tenho que sair daqui, mas não sei como.

domingo, 7 de setembro de 2008

Cobra

Abrigo dentro de mim uma cobra que se alimenta do próprio veneno,
que devora a si mesma num ato de desespero por não ter mais ninguém.

domingo, 3 de agosto de 2008

Seca

A seca veio e dizimou a plantação.
Minha terra não produz mais frutos.
Tornou-se ingrata.
Esquiva.
Só restou o solo árido e insensível,
Terreno inóspito para moradia.

domingo, 20 de julho de 2008

Casa vazia

As janelas observam atentamente o pouco movimento nas ruas.
O sol entra, sem pressa, por entre suas frestas e enche de calor a sala sem vida.
As portas estão trancadas e apenas as cortinas, entreabertas.
A casa está vazia.

Tudo ali tinha um ar de abandono.
À noite essa impressão era mais acentuada,
E o silêncio reinava por seus cômodos.
Um silêncio que gritava.
Tão nítido e palpável.

Ninguém mais habita esse lugar.
Só restam as lembranças por seus cômodos, resquícios de antigos moradores.
A casa está para ser vendida.
Será que alguém irá querer morar nela novamente?

domingo, 6 de julho de 2008

Desejo

Desejo é um fogo que arde no corpo feito urticária.
Um calor que queima a pele como a neve no rigoroso inverno.
É o banho morno depois de um longo dia de caminhada.
É a força dos seus braços quando enlaçam minha cintura.


É comer um fruto proibido há muito tempo cobiçado.
É sentir o áspero e adocicado contato da sua língua na minha boca.
Saborear o sumo do seu hálito quente enquanto te beijo.


É a contemplação de um objeto sagrado.
Observar tudo aquilo que é divino.
É a vontade de analisar os contornos do seu corpo.
São os olhos ansiosos da sua carne branca e macia.


O desejo é uma febre que se instala no corpo.
É a dilatação das artérias. O tremor desgovernado nas pernas. Nos braços. As mãos ficam frias. O corpo suado. O estômago revirado. A boca seca. A garganta entalada. A visão embaralhada. A cabeça transtornada. As batidas do coração. Aceleradas. A respiração curta. Apressada.
Uma falta de ar...
Um terrível sufocamento.


É sentir uma descarga de eletricidade percorrer o corpo.
Um comichão correr pela espinha.
São cócegas provocadas pelo roçar dos seus dedos dentro da minha alma.
A verdadeira fruição da liberdade.


O tempo pára...

Resta o silêncio do quarto que agora respira em paz.

domingo, 22 de junho de 2008

vício

o seu gosto amargo ainda está na minha boca
queimando meu corpo como fogo em brasa,
desce pela minha garganta, rasgando minhas entranhas
minha cabeça lateja e meu juízo dói.
eu quero mas não consigo parar,
só vou me satisfazer quando provar a última dose de você.

você é o meu maior vício
e se para tê-lo ao meu lado
for preciso acabar com minha alma
eu continuarei sendo um viciado.