domingo, 20 de julho de 2008

Casa vazia

As janelas observam atentamente o pouco movimento nas ruas.
O sol entra, sem pressa, por entre suas frestas e enche de calor a sala sem vida.
As portas estão trancadas e apenas as cortinas, entreabertas.
A casa está vazia.

Tudo ali tinha um ar de abandono.
À noite essa impressão era mais acentuada,
E o silêncio reinava por seus cômodos.
Um silêncio que gritava.
Tão nítido e palpável.

Ninguém mais habita esse lugar.
Só restam as lembranças por seus cômodos, resquícios de antigos moradores.
A casa está para ser vendida.
Será que alguém irá querer morar nela novamente?

domingo, 6 de julho de 2008

Desejo

Desejo é um fogo que arde no corpo feito urticária.
Um calor que queima a pele como a neve no rigoroso inverno.
É o banho morno depois de um longo dia de caminhada.
É a força dos seus braços quando enlaçam minha cintura.


É comer um fruto proibido há muito tempo cobiçado.
É sentir o áspero e adocicado contato da sua língua na minha boca.
Saborear o sumo do seu hálito quente enquanto te beijo.


É a contemplação de um objeto sagrado.
Observar tudo aquilo que é divino.
É a vontade de analisar os contornos do seu corpo.
São os olhos ansiosos da sua carne branca e macia.


O desejo é uma febre que se instala no corpo.
É a dilatação das artérias. O tremor desgovernado nas pernas. Nos braços. As mãos ficam frias. O corpo suado. O estômago revirado. A boca seca. A garganta entalada. A visão embaralhada. A cabeça transtornada. As batidas do coração. Aceleradas. A respiração curta. Apressada.
Uma falta de ar...
Um terrível sufocamento.


É sentir uma descarga de eletricidade percorrer o corpo.
Um comichão correr pela espinha.
São cócegas provocadas pelo roçar dos seus dedos dentro da minha alma.
A verdadeira fruição da liberdade.


O tempo pára...

Resta o silêncio do quarto que agora respira em paz.